O Milagre Grego

Para entendermos o nascimento do pensamento filosófico, primeiro devemos conhecer as condições que foram determinantes para o seu nascimento. Assim devemos voltar à Grécia antiga para estudar a sua arte, religião e as condições socioeconômicas.

Antes de qualquer coisa devemos lembrar que a educação dos cidadãos gregos dava-se pela poesia entre as quais se destacavam as de Homero (Ilíada e Odisséia). Seus poemas se diferenciavam dos demais, por isso sua importância para a mudança de pensamento. Os poemas homéricos são em sua composição uma apresentação de harmonia, proporções e de limites e medidas. Não sendo uma simples narração de fatos, mas uma pesquisa de suas causas e razões (mesmo que míticas) e os apresenta de diversos modos a realidade desses fatos. Como explicam a origem do universo e de tudo que nele há, tornar-se uma cosmologia. E isso abriu o caminho necessário para o questionamento racional de nossa existência.

Assim como a sentencia dos antigos sábios “conheça a ti mesmo” que se encontra gravado na entrado do templo de Delfos, que teve uma grande influencia no pensamento dos grandes filósofos entre os quais se destaca Sócrates.

Agora quanto à religião da Grécia antiga, devemos lembrar que é necessário dividir-la em duas partes, a religião publica que foi apresentada pelos poetas com a imagem dos deuses e seus cultos e a religião dos “mistérios”. A religião publica segundo Homero e Hesíodo, tudo é divino, pois os deuses são a explicação de tudo o que acontece e existe. Mais quem são esses deuses, se não versões ampliadas dos homens. Uma versão pura das qualidades dos homens, gerando certo naturalismo, pois não se pedia para mudar a natureza do ser humano, mas sim aumentar suas qualidades já existentes. Então os deuses se diferenciavam dos homens em qualidades não em quantidade.

Mas a religião publica não era o suficiente para todos os gregos, então em pequenos grupos fechados criaram os “mistérios” com seus próprios cultos e modo de pensar. Entre esses grupos devemos destacar os mistérios órficos em sua importância para o nascimento da filosofia. O Orfismo criou na sociedade grega um novo modo de ver a vida e a morte, que prega que apesar do homem ser mortal a sua alma é imortal. Reencarnando até encontrar a perfeição, os núcleos dessa nova crença podem ser traduzidos da seguinte maneira:

  • O homem divino, já que sua alma (um demônio) caiu em seu corpo por uma culpa originaria.
  • O demônio é imortal, mesmo que o corpo morra, ele voltara até se livrar de sua culpa.

Assim a maneira de interromper o ciclo da reencarnação é com uma series de cultos e ritos (uma vida órfica), para libertar a alma do corpo, dando assim um premio no alem para quem purifica sua alma (ou seja, os iniciados nos mistérios órficos).

Com essa nova crença o homem compreende a dualidade da alma que luta contra o corpo, rompendo assim o naturalismo da religião publica e entende que certos impulsos do corpo devem ser evitados. Tornando essa purificação da alma um novo objetivo de vida dos gregos. Como os gregos nunca tiveram nenhuma espécie de escrituras sagradas ou doutrinas imutáveis e inflexíveis, a qual essa nova crença pudesse se contrapuser logo se espalhou por toda Grécia.

Junto com essas mudanças vieram às transformações socioeconômicas da Grécia. Que passa de uma economia patriarca e agrícola para comercial e artesanal. Isso começou primeiro nas colônias, talvez pro serem afastadas da mãe-pátria. Tiveram seu crescimento acentuado, fundando assim centros econômicos comerciais com poder para enfrentar o sistema de poder (aristocrata) e lutar por liberdade, a principal característica da filosofia.

Assim afirmamos que “a filosofia nasce primeiro nas colônias e não na Mãe-pátria”, principalmente nas colônias orientais da Ásia Menor (Mileto). Gerando um novo conceito de colônia que passa a ser polis, descobrindo o sentimento não só de liberdade, mas o de ser cidadão.

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